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Authors
Advisor(s)
Abstract(s)
Apesar dos esforços e das medidas de prevenção e
controlo que vêm sendo adotadas desde a década de 80 do
século passado, o tabagismo continua a ser, em Portugal
e no mundo, um dos mais importantes fatores evitáveis de
doença crónica e de mortalidade prematura. 1
A carga da doença atribuível ao tabaco em Portugal foi
estimada por Borges et al 2 há mais de uma década. Nesse
estudo 11,7% das mortes em Portugal foram atribuídas
ao consumo de tabaco. Medida a carga da doença atra-
vés dos anos de vida ajustados por incapacidade (disabi-
lity adjusted life years — DALY) gerados pela mortalidade,
a proporção da carga da doença atribuível ao tabaco foi
de 11,2%. Baseados em dados disponíveis para Portugal,
em 2005, os autores evidenciaram grande disparidade na
análise de género, sendo o tabaco no homem responsável
por 15,4% da carga da doença e 17,7% das mortes, e na
mulher responsável por 4,9% da carga da doença e 5,2%
das mortes. O estudo apresentava ainda estimativas sobre
a carga da doença redutível, ou seja, a redução de mortali-
dade e DALY que ocorreriam se os fumadores abandonas-
sem o tabagismo e passassem a apresentar o risco médio
das populações de ex-fumadores, caso em que a carga da
doença se reduziria em 5,8% (7,8% dos homens e 2,8%
das mulheres) e as mortes em 5,8% (8,5% dos homens e
2,9% das mulheres). Nos anos seguintes, muito foi feito em
Portugal para melhorar o controlo do tabagismo. No entan-
to, e apesar destes esforços, o consumo de tabaco é ainda
crescente na mulher portuguesa 1 .
Em 2007, a Direção-Geral de Saúde emitiu o Progra-
ma-Tipo de Actuação em Cessação Tabágica 3 e em 2008,
a Convenção-Quadro para o Controlo do Tabagismo da
Organização Mundial de Saúde (OMS) propôs um conjunto
de estratégias concertadas para ajudar os países a contro-
lar a epidemia do tabaco e a reduzir o seu rasto mortífero. 4
O acrónimo MPOWER resume as seis políticas com mais
impacto: M — Monitorizar a epidemia e as políticas de con-
trolo; P — Proteger do fumo ambiental; O — Oferecer ajuda
na cessação tabágica; W — (Warn) avisar sobre os male-
fícios do tabaco; E — (Enforce bans) Impor a proibição da
publicidade, promoção e patrocínio do tabaco; R — (Raise
taxes) Aumentar os impostos sobre os produtos do taba-
co. Estes pilares viriam a servir de referência para o Plano
Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo
(PNPCT) em Portugal, lançado em 2012. 5 Oferecer ajuda
na cessação tabágica é uma das principais estratégias no
controlo do tabagismo, mas as restantes medidas preconi-
zadas pela OMS necessitam de implementação e desen-
volvimento, para que o seu efeito sinérgico se faça sentir.
Um enorme desafio surgiu, nos últimos anos, com o
aparecimento de novos produtos de tabaco, entre os quais
os cigarros electrónicos (CE), que podem colocar em cau-
sa os esforços desenvolvidos nas últimas duas décadas.
Em Portugal, este fenómeno é ainda menos expressivo do
que o observado em muitos países, mas obriga o médico a
estar bem informado sobre estes novos produtos e os seus
riscos (já conhecidos ou potenciais).
Apesar da população portuguesa ter aumentado a per-
cepção de risco relacionado com estes produtos, 6 cerca de
um terço da população europeia (29,1%) não sabe se são
ou não prejudiciais. 6 Consequentemente, tem-se verificado
um aumento crescente da sua experimentação e consumo
diário, não só em Portugal 6 como na Europa em geral. 7
Habitualmente o médico não aborda o consumo de CE
com o seu doente. Uma investigação recente 8 conclui que
apenas uma minoria dos médicos o faz de acordo com as
recomendações para a melhor prática da cessação tabági-
ca. Um dos maiores problemas da ‘discussão sobre cigar-
ros eletrónicos’ é o da ambivalência gerada pela incerteza e
contradição da informação científica disponível.
Description
Keywords
Fumar Cessação tabágica Tabagismo Cigarros electrónicos Sistemas eletrónicos de libertação de nicotina
Citation
Acta Med Port , 32 (7-8), 477-482
Publisher
Centro Editor Livreiro da Ordem dos Médicos