Alimentação Entérica Precoce ou Tardia em Recém-Nascidos com Alteração de Fluxos em  Ecografia Pré-Natal

Periquito, I; Oliveira, J; Fernandes, C; Ferreira, M; Barroso, R

http://hdl.handle.net/10400.10/2194

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Introdução: O principal objetivo deste estudo foi determinar o efeito da introdução de alimentação entérica precoce comparado com introdução tardia, na incidência de morbilidade gastrointestinal e tempo até alimentação entérica total, em recém- -nascidos com alteração de fluxos em ecografia pré-natal. Métodos: Análise retrospetiva dos recém-nascidos internados numa unidade de cuidados intensivos neonatais de nível III, em Portugal, entre janeiro de 2004 e dezembro de 2013 com alteração de fluxos em ecografia pré-natal. Foram criados dois grupos baseados no tempo até introdução de primeira alimentação entérica: grupo de alimentação precoce (≤48 horas) e grupo de alimentação tardia (> 48 horas). Os resultados principais foram morbilidade gastrointestinal e mortalidade devido a complicações gastrointestinais. Resultados: Foram incluídos 46 (47%) de recém-nascidos no grupo de alimentação precoce e 52 (53%) no grupo de alimentação tardia. Não houve diferenças significativas na morbilidade gastrointestinal, incluindo enterocolite necrosante, perfuração ou cirurgia gastrointestinal, íleus séptico ou intolerância alimentar. A alimentação precoce resultou numa diminuição significativa da sepsis tardia (p=0,016; odds ratio 0,276; intervalo de confiança 95% 0,096-0,789). Discussão: A introdução precoce de alimentação entérica poderá não ter efeitos significativos na incidência de morbilidade gastrointestinal em recém-nascidos com alteração de fluxos em ecografia pré-natal. Houve uma redução significativa na sepsis tardia, sem condicionar um aumento de risco de morbilidade gastrointestinal.

Introduction: The main objective of this study was to determine the effect of early versus late enteral feeding on the incidence of gastrointestinal morbidity and on time to establish full enteral feeding in neonates with abnormal antenatal Doppler flow patterns. Methods: We retrospectively analysed neonates admitted to a level III neonatal intensive care unit in Portugal between January 2004 and December 2013 with abnormal antenatal Doppler flow patterns. Two groups were created based on the time of first enteral feeding: early feeding group (≤48 hours) and late feeding group (> 48 hours). Primary outcomes were gastrointestinal morbidity and death due to gastrointestinal complications. Results: Forty-six (47%) infants were included in the early feeding group and 52 (53%) in the late feeding group. There was no statistical difference in gastrointestinal morbidity, including necrotising enterocolitis, gastrointestinal perforation or surgery, septic ileus or feeding intolerance. Early feeding resulted in a significant decrease in late-onset sepsis (p=0.016; odds ratio 0.276; 95% confidence interval 0.096-0.789). Discussion: Early introduction of enteral feeding may not have a significant effect on the incidence of gastrointestinal morbidity in neonates with abnormal antenatal Doppler flow patterns. There was a significant reduction in late-onset sepsis, without incurring an increased risk of gastrointestinal morbidity.