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Psilogos Vol. 14 Nº2 (Dez 2016)

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  • Depressão, obesidade e cirurgia bariátrica
    Publication . Lopes, A; Telles-Correia, D
    Introdução: O excesso de peso é um problema cada vez mais significativo em todo o mundo. Em Portugal, em 2008, 60% da população adulta tinha excesso de peso e 25% era obesa. A relação entre as perturbações afetivas e a obesidade é sobejamente conhecida e cerca de 2/3 da população que procura a cirurgia bariátrica tem um diagnóstico psiquiátrico, sendo a depressão o mais comum. Objetivos: Esta revisão pretende estudar a relação da depressão e obesidade antes e após uma cirurgia bariátrica e analisar o impacto da cirurgia bariátrica na farmacocinética dos medicamentos antidepressivos e vitaminas e minerais com influência na sintomatologia depressiva. Metodologia: Efetuou-se uma pesquisa na literatura em língua inglesa na MEDLINE, desde 1988 a 2015, utilizando como palavras-chave: absorption, bioavailability, bariatric surgery, obesity, depression, antidepressants. Resultados: A depressão e a obesidade potenciam-se uma à outra, estando fatores como a gravidade de cada uma destas condições, o género, a inatividade física, a dieta e a toma de medicamentos antidepressivos envolvidos nesta relação recíproca. A cirurgia bariátrica para tratamento da obesidade acarreta alterações na farmacocinética dos fármacos antidepressivos e nos nutrientes envolvidos na regulação do humor. Discussão e Conclusão: Os dados disponíveis sobre os temas propostos alertam para a necessidade de prestar atenção aos doentes submetidos a cirurgia bariátrica e com sintomatologia depressiva. Não só porque a existência de sintomatologia depressiva prediz um menor sucesso na perda de peso, mas também porque esta cirurgia acarreta uma diminuição na biodisponibilidade da medicação antidepressiva.
  • Síndrome serotoninérgico: um caso clínico
    Publication . Oliveira, P; Silva, S; Pissarra, C
    O Síndrome Serotoninérgico (SS) é uma condição clínica iatrogénica, potencialmente fatal, que ocorre em consequência de uma sobrestimulação dos recetores serotoninérgicos. A sua apresentação típica consiste na tríade alterações do estado mental, hiperatividade autonómica e alterações neuromusculares, embora o quadro clínico seja altamente variável. Apesar de potencialmente tratável, muitos casos são subdiagnosticados, atribuindo-se como principal causa o desconhecimento desta patologia por parte dos clínicos. O tratamento do SS assenta em quatro pilares: remoção do agente precipitante e terapêutica de suporte, antagonismo dos recetores 5-HT2A, e controlo da agitação, da instabilidade autonómica e da hipertermia. Prevê-se que a sua incidência acompanhe o crescimento da prescrição de antidepressivos, sendo que o aumento do nível de alerta por parte dos médicos acerca da sua ocorrência, poderá contribuir para um diagnóstico atempado e para o sucesso do tratamento. Apresentamos um caso clínico de uma doente com diagnóstico de Perturbação Afetiva Bipolar, internada por episódio depressivo com componente psicótico que desenvolve quadro compatível com SS. Partindo do quadro descrito é feita uma breve revisão teórica desta patologia.
  • Mania de Bell - conceptualização a propósito de um caso clínico
    Publication . Ferreira, T; Dehanov, S; Nascimento, M; Trancas, B; Ribeiro, R; Maia, T
    Introdução: A mania de Bell (ou “mania delirante”) constitui um quadro clínico grave, que consiste sucintamente na sobreposição de sintomas de delirium e de mania. Vários autores deram contributos para a definição desta entidade nosológica, não obstante este ser um quadro clínico ainda mal compreendido, não existindo guidelines diagnósticas e terapêuticas, nem se conhecendo muito da sua etiopatogénese. Objectivos: Apresentar um caso de clínico de um doente que foi admitido numa enfermaria de psiquiatria, apresentando sintomatologia compatível com mania de Bell, sendo ainda discutida a marcha diagnóstica e terapêutica do caso e feita uma revisão da literatura. Métodos: Revisão não sistemática de artigos pesquisados no PubMed. Resultados e Conclusões: O estabelecimento da mania de Bell como subtipo de episódio maníaco seria útil não apenas para uniformização do seu diagnóstico como também para formulação de recomendações terapêuticas adequadas e maior informação à comunidade científica sobre este quadro clínico.
  • De ‘bouffée délirante’ a perturbação psicótica aguda e transitória: revisitação do conceito a propósito de um caso clínico
    Publication . Ribeiro, J; Oliveira, P; Santos, A; Silva, T; Madeira, N
    Introdução: Desde o Séc. XIX que têm sido descritos quadros psicóticos de início súbito e duração limitada. Tendo sido a ‘Bouffée Délirante’ o primeiro quadro a ser descrito, ao longo da história da Psiquiatria várias foram as entidades nosológicas que, entretanto, surgiram nas diferentes escolas: Psicose Ciclóide, Psicose Psicogénica, Psicose Atípica, entre outros. Objetivos: Neste artigo, a propósito de um caso clínico, os autores propõem-se realizar uma revisão dos conceitos históricos das Perturbações Psicóticas Agudas e Transitórias. Métodos: Descrição de um caso clínico e revisão da literatura. Resultados: Caso clínico de um doente de 44 anos com quadro psicótico de início agudo e curta duração, com remissão completa em três dias e retorno ao seu nível de funcionamento habitual. Discussão/Conclusão: Apesar das divergências entre as diferentes concepções teóricas que se mantiveram durante décadas como entidades independentes, actualmente, esses conceitos encontram-se reunidos na 10ª edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) sob a denominação de Perturbações Psicóticas Agudas e Transitórias. Embora estas classificações não incluam todas as características clínicas inicialmente descritas, procurando o estabelecimento de critérios diagnósticos mais específicos, existe ainda uma percentagem significativa de doentes nos quais o diagnóstico é revisto para uma doença mental crónica.
  • Sobreposição clínica e comorbilidade psiquiátrica na perturbação do espectro do autismo no adulto: a propósito de um caso clínico
    Publication . Picoito, J; Santos, V; Rita, H
    Introdução: A Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) é uma perturbação do neurodesenvolvimento precoce, que acompanha o indivíduo ao longo da vida. O diagnóstico de PEA no adulto sem incapacidade intelectual é um desafio, devido à sobreposição clínica e comorbilidade psiquiátrica, assim como à atipicidade da apresentação clínica e à dificuldade em obter uma boa e fidedigna história do neurodesenvolvimento. Objectivos: Ilustrar a complexidade do diagnóstico e abordagem da PEA no adulto. Métodos: Reporte de um caso clínico e revisão da literatura. Resultados e conclusões: É apresentado um caso clínico de um indivíduo adulto com PEA, com antecedentes de dificuldades interpessoais e sintomatologia psiquiátrica. Ao longo do seu acompanhamento, foram atribuídos diferentes diagnósticos que conduziram a má adesão à terapêutica e ao abandono do acompanhamento. O correcto diagnóstico de PEA permite uma abordagem mais apropriada, proporcionando uma melhor adesão às propostas terapêuticas e potenciando o funcionamento destes indivíduos.
  • Revisitar processos, redefinir direitos: processos de levantamento de interdição-inabilitação (2010-2015)
    Publication . Conde, E; Trancas, B; Vieira, F
    Introdução: Os processos de interdição-inabilitação colidem necessariamente com a liberdade individual, condicionando restrição nos direitos fundamentais. Inexistindo qualquer intenção de pena ou castigo, visam antes a protecção do maior Incapaz, procurando-se a máxima preservação da capacidade e uma proporcionalidade entre as medidas e o grau de incapacidade. Nas perícias psiquiátricas das acções especiais de interdição-inabilitação, cujo número tem crescido nos últimos anos, a responsabilidade que recai no perito aumentou desde 2013, uma vez que o Juiz só intervém directamente (interrogatório judicial) quando a acção é contestada, o que não é frequente. Objectivos: Revisitar os conceitos de interdição/inabilitação e os mecanismos para os modificar ou suspender. Conhecer a realidade nacional respeitante aos pedidos de alteração da sentença de interdição/inabilitação efectuados nos últimos 6 anos, identificando as motivações pessoais dos requerentes para tais pedidos e extraindo as razões clínicas e técnicas que fundamentaram a modificação das restrições. Métodos: Estudo retrospectivo descritivo. Consultou-se a estatística oficial e obteve-se a colaboração do Conselho Superior de Magistratura (CSM), permitindo identificação e consulta dos processos de interdição ou inabilitação que foram alvo de pedidos de levantamento. Resultados e Conclusões: A estatística oficial do período em análise assinalava a existência de 43 pedidos de levantamento entretanto concluídos. Contudo, das 23 Comarcas nacionais contactadas pelo CSM – entidade que previamente oficiámos e à qual pedimos colaboração no sentido do envio da autorização aos Senhores Juízes Presidentes das várias comarcas – responderam no sentido colaborativo 5, envolvendo 8 processos de levantamento, dos quais apenas 6 se encontravam findos, sendo analisados presencialmente. Das acções especiais originais resultaram 4 sentenças de interdição e 2 de inabilitação. Após os processos de levantamento, apenas 1 caso manteve interdição, com os restantes a ficarem inabilitados (3) ou livres de restrição (2). Do ponto de vista da metodologia técnica, verificou-se que a entrevista de familiar/pessoa significativa não foi referida ou efectuada em 7 das 12 perícias, que em 4 dos 12 relatórios não constava qualquer referência a documentos clínicos anexos ao processo e que em 5 ocasiões não foram pedidos exames auxiliares. A capacidade deve ser encarada como uma variável potencialmente dinâmica. Da análise das avaliações periciais destaca-se a escassez de informação colateral (sobre a gravidade, irreversibilidade ou efectivo grau de incapacidade), o papel das relações familiares disfuncionais (que, alteradas, resultaram em melhoria substancial da capacidade) e dos efeitos benéficos do apoio especializado (com impacto positivo no funcionamento e capacidade).