Psilogos Vol.12 Nº1 (Jun 2014)
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- Psicose pós-ictal: a importância do controlo da epilepsiaPublication . Ribeiro, A; von Dessauer, OA existência de sintomatologia psiquiátrica so-brevém, com bastante frequência, na epilepsia e é um importante factor de prognóstico da qualidade de vida dos doentes portadores deste quadro neurológico. Na epilepsia, as perturbações psiquiátricas psi-cóticas são classificadas de acordo com a sua relação cronológica com as crises. As psicoses peri-ictais ocorrem antes (pré-ictais), durante (ictais) ou após (pós-ictais) o surgimento de uma crise epiléptica. Por sua vez, as psicoses inter-ictais ocorrem independentemente das crises. Os episódios de psicose pós-ictal (PP) são caracteristicamente de curta duração. Deste modo, para que haja um melhor co-nhecimento do quadro clínico global e, consequentemente, um tratamento mais eficaz, torna-se necessário o reconhecimento destes sintomas psiquiátricos. Neste artigo descrevemos o caso clínico de um doente com epilepsia pós-traumática e sintomatologia psicótica pós-ictal, em acompanha-mento por Psiquiatria e por Neurologia.
- Bullying nas escolas de Guimarães: tipologias de bullying e diferenças entre génerosPublication . Sousa-Ferreira, T; Ferreira, S; Martins, HIntrodução: O bullying escolar é o tipo mais comum de violência nas escolas e parece estar a aumentar nos últimos anos. Os vários tipos de agressão e vitimização por bullying apre- sentam-se com diferentes frequências conforme o género dos alunos. Objetivos: Avaliar a frequência das diferentes tipologias de vitimização e de agressão por bullying nos alunos participantes das escolas públicas de Guimarães. Comparar as frequên- cias de vitimização e de agressão por bullying entre alunos de sexo feminino e masculino. Desenho do estudo: Estudo observacional e transversal. Métodos: Foi selecionado um igual número de turmas do 6º e do 8º ano das escolas públicas do concelho de Guimarães, em Portugal. Os alunos preencheram autonomamente um questionário com informação demográfica e o Multidimensional Peer Victimization Scale adaptado para Portugal. Técnicas de estatística descritiva e analítica foram utilizadas na análise dos dados. Considerou-se Bullying, na relação com os cole- gas, 2 ou mais episódios de maus-tratos no mês anterior. Resultados: Avaliaram-se 660 alunos, de 11 a 16 anos de idade, 48.8% do 6º ano, 48.8% do sexo feminino, de dez escolas das catorze do concelho. Declararam-se envolvidos diretamente em comportamentos de bullying, como autores ou alvo de maus tratos, 71.2% dos alunos (78.1% dos rapazes e 64.0% das raparigas). As prevalências, por tipologia, foram de 61.2% no verbal, 36.8% no social, 24.8% no físico e 22.9% de envolvidos no bullying relativo à propriedade. As tipologias mais frequentemente reportadas pelas vítimas, em ambos os géneros, masculino e feminino, foram a verbal (54.0% e 41.3%, respetivamente) e a social (26.7% e 30.1%, respetivamente). No total dos alunos as tipologias de vitimização mais frequentes foram a vitimização verbal com 48.4% e a vitimização social com 28.8%. Nos agressores, a verbal e a física nos rapazes (respetivamente 44.5% e 25.5%) e a verbal e a social nas raparigas (28.3% e 9.3%) foram as mais frequentes. No total dos alunos as tipologias de agressão mais frequentes foram a agressão verbal com 36.6% e a agressão física com 15.3%. Os alunos do sexo masculino estiveram mais frequentemente envolvidos diretamente em comportamentos de bullying. Nos rapazes encontraram-se proporções de vítimas de todas as tipologias exceto a social, e de agressores verbais e físicos, significativamente superiores. Encontraram-se diferenças significativas nas proporções de vítimas e agressores entre escolas, grupos etários e anos de escolaridade. Conclusão: Os alunos que negaram envolvimento direto no bullying foram apenas 28.8%. Encontraram-se vários comportamentos de bullying significativamente diferentes entre géneros, mas não em todas as escolas, grupos etários e ano de escolaridade. Estes dados indicam que os fatores genéticos podem não ser importantes, devendo a atuação centrar-se noutros aspetos. O estudo dos fatores que condicionam as diferenças dos comportamentos e tipologias de bullying poderá facilitar a identificação de situações de violência de forma a evitá-las.
- Preditores de abstinência alcoólica numa amostra de doentes portugueses: um estudo retrospectivoPublication . Matos, D; Gonçalves, J; Morgado, PIntrodução: A dependência alcoólica é uma doença aditiva com elevados níveis de morta-lidade e morbilidade. As opções terapêuticas disponíveis incluem intervenções médicas e psicossociais. Objectivos: Comparar a população de alcoóli-cos que atinge 1 ano de abstinência total com aqueles que recaem no mesmo período, identificando factores individuais e relacionados com o tratamento preditores de sucesso terapêutico. Métodos: Após análise comparativa, realizou-se uma regressão logística multivariada para identificar os factores relacionados com o tratamento que predizem abstinência total em doentes adultos que reuniam critérios ICD-10 para alcoolismo durante o primeiro ano de tratamento no Departamento de Psiquiatria do Hospital de Braga. Resultados: Foram incluídos no estudo 590 doentes. A taxa de sucesso (abstinência to- tal) foi de 32.3%. Características individuais como sexo, idade, estado civil ou nível de instrução não se relacionaram com o sucesso do 1º ano de tratamento. Identificaram-se como preditores independentes de abstinência alcoólica total a inexistência de internamen- tos prévios (OR=0.549; 95%CI=0.322-0.936), o internamento (OR=3.765; 95%CI=2.061- 6.879) e a abstinência no início do tratamento (OR=4.947; 95%CI=2.223-11.008). Conclusões: Os resultados demonstram que a escolha da abordagem inicial no tratamento da dependência alcoólica crónica pode resultar em períodos mais longos de abstinência alcoólica. Estes achados podem ser úteis para aumentar o sucesso das intervenções médicas na prática clínica.
- Editorial convidadoPublication . Cardoso, G
- Personalidade borderline: dos limites do self aos limites do corpoPublication . Guerra, C; von Dessauer, O; Coelho, RIntrodução: Numa perspectiva psicodinâmica, um dos aspectos essenciais da personalidade borderline é a insuficiente integração do self que se traduz, frequentemente, numa má relação com o corpo e em comportamentos autodestrutivos. Objectivos: Pretendemos abordar o desenvolvimento do self na personalidade borderline, compreender a importância do corpo neste desenvolvimento, assim como o papel dos comportamentos autoagressivos na relação entre o self e o corpo. Métodos: Revisão bibliográfica tendo por base as teorias de Otto Kernberg e Didier Anzieu. Resultados e conclusões: Por um lado, constatamos que na personalidade borderline a clivagem se mantém como o mecanismo de defesa predominante, impedindo a adequada diferenciação entre o self e o objecto, assim como a integração dos aspectos bons e maus do self e do objecto. Por outro lado, o conceito de “Eu-pele”, definido por Didier Anzieu, defende que a sensorialidade táctil é um modelo organizador do Eu e do pensamento e, na personalidade borderline, o desenvolvimento deste invólucro corporal está gravemente comprometido. A automutilação é, simultaneamente, uma tentativa de restabelecer os limites do Eu e uma forma de comunicação aberta à intersubjectividade, que apesar de conter em si um aspecto destrutivo, possibilita a reparação do self.
- EditorialPublication . Maia, T
- O papel do stress oxidativo no envelhecimento e na demênciaPublication . Teixeira, J; Feio, M; Figueira, MLIntrodução: O envelhecimento biológico é um processo fisiológico normal, não patológico, sendo a teoria do envelhecimento pelo stress oxidativo, uma das mais aceites para explicar o envelhecimento postulando que o stress oxidativo conduz a mutações no DNA mitocondrial responsáveis pelas alterações na senescência. As demências são doenças neu- rodegenerativas cujo principal factor de risco para o seu aparecimento é o envelhecimento. Apesar de ainda não se conhecerem os mecanismos exactos de lesão neuronal subjacentes às doenças neurodegenerativas em geral e às demências em particular, os dados mais recen-tes sugerem o envolvimento do stress oxidativo e da dinâmica mitocondrial no processo. Objectivos: Fazer uma revisão da literatura sobre o papel do stress oxidativo na patogénese do envelhecimento e da demência. Métodos: Revisão não sistemática da literatura através da pesquisa em referências bibliográficas consideradas relevantes pelos autores suplementada por artigos obtidos através de pesquisa na base de dados Medline/Pubmed utilizando combinações das seguintes palavras-chave “oxidative stress”, “dementia”, “aging” e “pathogenesis”, publicados entre 1950 e 2013. Foram também consultadas referências bibliográficas dos artigos obtidos e livros consultados. Resultados: Nos últimos 5 anos têm sido conduzidas novas investigações sobre a relação entre stress oxidativo e envelhecimento. Uma das hipóteses consideradas actualmente é que, durante o envelhecimento, a regulação homeostática da biogénese, dinâmica e turnover por autofagia deixa de conseguir manter eficazmente o funcionamento das mi-tocôndrias, resultando na senescência celular. Consequentemente, a lesão oxidativa pode ul- trapassar um limiar crucial acima do qual a apoptose é desencadeada, levando a alterações substanciais na morfologia mitocondrial e à morte celular irreversível. Relativamente às demências, os dados mais recentes têm vindo a demonstrar de forma consistente a presença de níveis aumentados de stress oxidativo nas regiões cerebrais afectadas pela doença bem como a existência de disfunção na dinâmica e na morfologia das mitocôndrias, tal como ocorre no envelhecimento. Conclusões: Os dados mais recentes sugerem o envolvimento do stress oxidativo e da dinâmica mitocondrial no processo do envelhecimento e na demência, de forma directa ou indirecta, o que poderá vir a influenciar o modelo actual da fisiopatologia das demências bem como alargar as possibilidades de intervenção terapêutica no futuro.
- Utilização de psicotrópicos na doença respiratóriaPublication . Pedro, P; Telles-Correia, D; Ganhão, IIntrodução: A comorbilidade psiquiátrica é frequente em doentes com patologia respiratória, sendo que as perturbações depressivas e ansiosas são as que mais se verificam nesta população. Contudo, tendem a ser sub-diagnosticadas, possivelmente devido à sobrepo-sição entre as manifestações somáticas da doença psiquiátrica e os sintomas físicos da disfunção respiratória grave. A ocorrência de patologia psiquiátrica em doentes com patologia respiratória tem um impacto negativo em vários indicadores da saúde (controlo da doença, fraca adesão à terapêutica, compromisso funcional, aumento da utilização de cuidados de saúde, atrasos na avaliação ou tratamento e aumento dos custos relacionados com a saúde). O tratamento das perturbações emocionais associadas às doenças respirató-rias pode permitir o aumento da qualidade de vida associada à saúde e o alívio de alguma sintomatologia respiratória. Objectivos: Com este artigo, pretendemos rever as principais classes de psicofármacos que poderão ser úteis para a estabilização de sintomatologia psiquiátrica em doentes com doen- ça respiratória concomitante e principais efeitos secundários associados a esta população. Métodos: Os artigos selecionados para a revisão, foram identificados através de uma pesquisa sistemática da literatura em inglês na Medline, de Janeiro de 1970 a Maio de 2013, combinando as palavras-chave: psychotropics, antidepressants, mood stabilizers, anxiolytics, hypnotics, antidementia agents, respiratory illness/disease e lung disease (vinte e sete revisões, seis estudos originais, seis ensaios clínicos, quatro estudos randomizados controlados, um relatório curto, um estudo comparativo e um editorial). Foram também consultados quatro livros de texto relativos ao mesmo tema e cujas datas de publicação se encontram entre Janeiro de 1970 e Maio de 2013. Resultados e Conclusões: A comorbilidade psiquiátrica em doentes com patologia res-piratória é frequente e pode ter um impacto importante na morbilidade e mortalidade. É, assim, fundamental, saber-se como tratar adequadamente os sintomas psiquiátricos nestes doentes.