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Introdução: A perturbação borderline da
personalidade surge na ausência de uma
categoria para classificar pessoas que se encontravam entre o diagnóstico de neurose e
psicose e tem, desde o seu nascimento, sofrido modificações na sua definição e aplicação
clínica.
Objectivos: Este artigo tem por objectivo traçar a genealogia da perturbação borderline
da personalidade de modo a ensaiar hipóteses
para o surgimento desta categoria diagnóstica.
Métodos: Com base numa revisão da literatura, foi efectuada uma leitura crítica da evolução da categoria borderline na psiquiatria.
Resultados: A evolução do conceito pode ser
definida ao longo de três fases: desde o final
do XIX ao início do século XX são usadas múltiplas terminologias e o diagnóstico é heterogéneo; de 1960 a 1980 surge o conceito de organização borderline da personalidade e a sua
sistematização segundo a teoria psicanalítica;
desde 1980 até à actualidade ocorre a entrada
na DSM III e a homogeneização do diagnóstico sob a égide da biopsiquiatria. Os limites
entre as diferentes fases do conceito são fluídos e dependem das condições socio-políticas
associadas. Para o nascimento da doença em
análise são ensaiadas várias hipóteses: criação
de novos sujeitos-psíquicos, melhor acesso à
saúde mental e identificação da doença, governamentalidade biopolítica, identificação
de comportamentos anteriormente não considerados patológicos, descontinuidade social,
nova expressão de sofrimento e contágio social.
Conclusão: A perturbação borderline da personalidade resulta de práticas, representações,
interacções sociais e modos de subjectificação,
onde ocorre uma nova relação entre as ideias
de corpo e identidade.
Description
Keywords
Perturbação borderline da personalidade
Citation
Psilogos. 2017; 15(1): 102-113
Publisher
Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca, E.P.E.