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Authors
Advisor(s)
Abstract(s)
Introdução: São diversas as alterações comportamentais
decorrentes do acidente vascular
cerebral (AVC). Vários estudos avaliaram a
frequência e gravidade de depressão, apatia e
alexitimia consequente ao AVC, sendo os resultados
publicados contraditórios.
Objectivo: Este artigo pretende realizar uma
revisão da literatura sobre os conceitos de depressão,
apatia e alexitimia e sobre os correlatos
neuroanatómicos, conhecidos até à data,
que suportam estes achados psicopatológicos
no pós-AVC.
Métodos: Revisão não sistemática da literatura
através da pesquisa em referências bibliográficas
consideradas relevantes pelos autores
suplementada por artigos obtidos através de
pesquisa na base de dados Medline/Pubmed
utilizando combinações das seguintes palavras-chave:
“stroke”, “apathy”, “alexithymia”,
“depression”, publicados entre 1973 e
2013. Foram ainda consultadas referências
bibliográficas dos artigos obtidos e livros.
Resultados e Conclusões: Após o AVC, muitos
doentes sofrem de défices sequelares, resultando
num processo de luto, sendo que esta
resposta emocional considerada consequência
normativa a problemas pós-AVC. Percebeu-se
que a dimensão depressiva está associada com
o funcionamento do lobo frontal esquerdo (a
chamada “teoria do lobo frontal esquerdo”),
contudo, a dimensão apática está associada
com os gânglios da base. A taxa de apatia é
mais baixa em pacientes sem doença cerebrovascular
prévia, sendo que a apatia ‘pura’
(sem depressão concomitante) é duas vezes
mais frequente que a taxa de depressão ‘pura’
(sem apatia concomitante). Doentes apáticos
têm maior frequência de quadros depressivos
graves e défice cognitivo quando comparados
com os pacientes não-apáticos. Os mecanismos
da consciência emocional reduzida e do
embotamento expressivo após o AVC da arté-
ria cerebral média são mal compreendidos.
Enquanto que a apatia e a adinamia podem
ser explicadas pela lesão tecidular na ínsula
ou nos gânglios da base, a consciência emocional
reduzida pode ter origem da alteração
de actividade em regiões cerebrais distantes. As
alterações funcionais e estruturais no córtex
cingulado anterior já foram implicadas nos
mecanismos da alexitimia. Comparado com o
hemisfério esquerdo, o direito parece ser superior
no processamento e organização da experiência
emocional. A forma adquirida de alexitimia pode suceder secundariamente às lesões
que ocorrem no território da artéria cerebral
média direita (ACMD) e isto torna-se significativo
porque pode alterar a apresentação tradicional
de um quadro depressivo. Estudos no
futuro deverão examinar se estas diferenças na
localização da lesão e a sua influência na recuperação
funcional poderão também fazer-se
reflectir nos diferentes padrões de resposta ao
tratamento, separadamente ou em conjunto.
Description
Keywords
Acidente vascular cerebral Depressão Alexitimia
Citation
Psilogos. 2014; 12(2): 66-76
Publisher
Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca, E.P.E.