Repository logo
 

Psilogos Vol.12 Nº2 (Dez 2014)

Permanent URI for this collection

Browse

Recent Submissions

Now showing 1 - 7 of 7
  • Comorbilidade entre Esquizofrenia e Perturbação Obsessivo-Compulsiva: Uma Revisão
    Publication . Passos, R; Ferreira, MC; Morgado, P
    Introdução: A prevalência de sintomas obsessivo-compulsivos e de perturbação obsessivo- -compulsiva em pacientes com esquizofrenia primariamente diagnosticada tem aumentado significativamente nos últimos anos, sendo cada vez maior o número de publicações centradas no tema. Objectivos: A presente revisão visa analisar os conceitos de esquizofrenia, perturbação obsessivo-compulsiva e a comorbilidade entre ambas as patologias, bem como algumas das características clínicas que permitem distingui-las. Métodos: Foi realizada uma revisão bibliográ- fica no PubMed entre 2009-2014, utilizando as expressões: “Comorbidity between Obsessive-Compulsive Disorder and Schizophrenia” e “Schizo-Obsessive Disorder”. Resultados e Conclusões: A literatura disponível incide essencialmente na proposta de teorias explicativas para as elevadas comorbilidades entre a esquizofrenia e a perturbação obsessivo-compulsiva – possibilidade de uma doença ser fator de risco para a outra; existência de fatores de risco comuns; possibilidade de um fármaco administrado para o tratamento de uma doença potenciar a outra – e na distinção entre obsessões e delírios e entre compulsões e ações impelidas pelo delírio, essencial ao estabelecimento de um diagnóstico diferencial entre ambas as doenças. A controvérsia associada ao avanço de um novo subtipo de esquizofrenia – perturbação esquizo-obsessiva – bem como à relação de causalidade entre ambas as doenças permite constatar que estudos futuros deverão focar- -se com uma precisão ainda maior na relação temporal entre o aparecimento das duas doen- ças bem como na exploração dos sintomas de uma patologia no curso da outra.
  • Depressão, Apatia e Alexitimia Secundários ao Acidente Vascular
    Publication . Pinto, O; Ribeiro, L
    Introdução: São diversas as alterações comportamentais decorrentes do acidente vascular cerebral (AVC). Vários estudos avaliaram a frequência e gravidade de depressão, apatia e alexitimia consequente ao AVC, sendo os resultados publicados contraditórios. Objectivo: Este artigo pretende realizar uma revisão da literatura sobre os conceitos de depressão, apatia e alexitimia e sobre os correlatos neuroanatómicos, conhecidos até à data, que suportam estes achados psicopatológicos no pós-AVC. Métodos: Revisão não sistemática da literatura através da pesquisa em referências bibliográficas consideradas relevantes pelos autores suplementada por artigos obtidos através de pesquisa na base de dados Medline/Pubmed utilizando combinações das seguintes palavras-chave: “stroke”, “apathy”, “alexithymia”, “depression”, publicados entre 1973 e 2013. Foram ainda consultadas referências bibliográficas dos artigos obtidos e livros. Resultados e Conclusões: Após o AVC, muitos doentes sofrem de défices sequelares, resultando num processo de luto, sendo que esta resposta emocional considerada consequência normativa a problemas pós-AVC. Percebeu-se que a dimensão depressiva está associada com o funcionamento do lobo frontal esquerdo (a chamada “teoria do lobo frontal esquerdo”), contudo, a dimensão apática está associada com os gânglios da base. A taxa de apatia é mais baixa em pacientes sem doença cerebrovascular prévia, sendo que a apatia ‘pura’ (sem depressão concomitante) é duas vezes mais frequente que a taxa de depressão ‘pura’ (sem apatia concomitante). Doentes apáticos têm maior frequência de quadros depressivos graves e défice cognitivo quando comparados com os pacientes não-apáticos. Os mecanismos da consciência emocional reduzida e do embotamento expressivo após o AVC da arté- ria cerebral média são mal compreendidos. Enquanto que a apatia e a adinamia podem ser explicadas pela lesão tecidular na ínsula ou nos gânglios da base, a consciência emocional reduzida pode ter origem da alteração de actividade em regiões cerebrais distantes. As alterações funcionais e estruturais no córtex cingulado anterior já foram implicadas nos mecanismos da alexitimia. Comparado com o hemisfério esquerdo, o direito parece ser superior no processamento e organização da experiência emocional. A forma adquirida de alexitimia pode suceder secundariamente às lesões que ocorrem no território da artéria cerebral média direita (ACMD) e isto torna-se significativo porque pode alterar a apresentação tradicional de um quadro depressivo. Estudos no futuro deverão examinar se estas diferenças na localização da lesão e a sua influência na recuperação funcional poderão também fazer-se reflectir nos diferentes padrões de resposta ao tratamento, separadamente ou em conjunto.
  • Psicoterapia Psicodinâmica: Uma Perspetiva Neurobiológica
    Publication . Ferraz, I; von Doellinger, O; Coelho, R
    Introdução: A compreensão de como as intervenções psicoterapêuticas mudam o cé- rebro espelha a constante tensão entre as explicações psicológicas e biológicas do comportamento humano. A psicoterapia psicodinâmica, tem origem na teoria e conhecimento psicanalíticos, e é, acima de tudo, um modo de pensar que inclui conflitos inconscientes, falhas e distorções das estruturas intrapsíquicas, representações mentais de si próprio e dos outros, enfatizando a função comunicativa (entre paciente e terapeuta) do sintoma (e do comportamento). Objetivos e Métodos: Através de uma revisão bibliográfica não sistematizada pretende-se compreender o impacto cerebral das interven- ções psicodinâmicas partindo da perspetiva neurocientífica de alguns conceitos psicanalíticos. Resultados e Conclusões: A psicoterapia, palco para a aquisição de novas competências e de comportamentos mais adaptativos, tem impacto no funcionamento cerebral pois altera a expressão genética, a biossíntese proteica e provoca mudanças na estrutura anatómica e função do cérebro, sendo por isso mensurável através das recentes técnicas de neuroimagem. Atualmente, existem evidências de que qualquer intervenção psicoterapêutica é de natureza biopsicossocial e que todas as funções da mente refletem a atividade do cérebro.
  • A Evolução Conceptual do Delírio desde a sua Origem até à Modernidade
    Publication . Correia, D
    Introdução: Etimologicamente o termo delí- rio tem base no latim delirare. Referindo-se aos indivíduos que se afastam da normalidade. Ao longo da história o “delírio” englobou vários significados além das alterações do pensamento. Objectivos: Neste artigo pretendemos explorar a história conceptual do delirio em psicopatologia desde o primórdio dos tempos até à modernidade. Métodos: Foi feita uma pesquisa bibliográfica consultando artigos e livros de texto em língua francesa, inglesa, espanhola e portuguesa. Resultados e Conclusões: Antes do século XVIII, vários autores chamam a atenção para a importância das alterações do conteúdo do pensamento e da razão (como hoje entendemos o delírio), na definição da loucura. Porém, desde cedo o delírio foi confundido com a loucura em geral, não sendo discriminado como um sintoma como mais tarde veio a ser. No século XIX a confusão manteve-se sobretudo nos autores franceses, corrente psiquiátrica mais influente nesta época, para os quais o délire era uma síndrome que englobava várias alterações psicopatológicas além das alterações do pensamento, sendo a proximidade entre as alterações do pensamento e da percepção (alucinações) a que mais persistiu. Origens e percursos diferentes têm os termos utilizados no inglês – Delusion e no alemão-Wahn que vieram a substituir o termo delirio e delirium para uma mais restrita designação das alterações do conteúdo do pensamento, manifestando um desagrado dos ingleses e alemães, já no século XVIII, em relação à indefinição do conceito delírio.
  • Ao Encontro da Comunidade – Reflexões sobre Psiquiatria Comunitária, Cultura e Alteridade
    Publication . Neto, A; Santos, P; Maia, T
    Introdução: A transformação constante das comunidades e a sua relação com a patologia mental têm sido alvo de investigação nas últimas décadas, embora não seja claro a sua real incorporação na prática psiquátrica. Objectivos: Este artigo pretende rever qual a pertinência da compreensão das comuni- dades para a prática Psiquiátrica, sobretudo Comunitária, bem como os instrumentos me- todológicos e conceptuais que permitam essa incorporação. Métodos: Revisão seleccionada e crítica de literatura sobre Psiquiatria Comunitária e Cultura, Comunidades, e Iniquidade Social e Saúde Mental. Resultados: O presente artigo começa com uma revisão do significado de Comunidade e dos princípios definidores da Psiquiatria Comunitária e a pertinência de serem, ou não, culturalmente sensíveis. Cultura e Alteridade são posteriormente apresentados no plano das Comunidades Internacionais e das Comunida- des Locais, ressalvando-se o papel que alguns métodos de trabalho, como a observação participante, podem desempenhar nestes contex- tos. Conclusão: A Psiquiatria e em particular a Psiquiatria Comunitária, ao integrar uma diversidade de metodologias e sendo permeá- vel a modelos transdisciplinares, encontra-se numa posição privilegiada para eleger a Co- munidade como plano de análise, integrando-a na sua praxis.
  • Casal da Boba: Aproximações à Doença e Saúde Mental I – Caracterização dos Utentes e dos Cuidados Psiquiátricos
    Publication . Neto, A; Pinto, P; Maia, T
    Introdução: A Psiquiatria Comunitária tem como missão a prestação eficaz de cuidados de saúde mental às populações, tendo em conta as suas necessidades e enquadramento cultural, por forma a garantir a acessibilidade e tratamento a todas as comunidades, nomeadamente aquelas que se encontrem mais vulneráveis. No âmbito de uma intervenção comunitária em Saúde Mental num bairro de realojamento, o Casal da Boba, pretendemos com este artigo caracterizar essa população de utentes e os cuidados efectivamente prestados pela Equipa Comunitária local de Psiquiatria. Métodos: Revisão dos processos de utentes da consulta externa da Equipa Comunitária de Saúde Mental da Brandoa com morada no Casal da Boba, nomeadamente a sua caracterização socio-demográfica e clínica. Resultados: Em 14 anos de actividade da equipa, 52% dos doentes residentes no bairro inscritos na consulta da Brandoa foram diagnosticados com psicoses crónicas afectivas e não afectivas. A maioria dos utentes esteve sob medidas de tratamento compulsivo, encontrando-se medicados com terapêutica depot, e beneficiando de visitas domiciliárias. Não foram diagnosticadas de forma significativa outras patologias, e a maioria dos casos seguidos foram referenciados para a Equipa através do Serviço de Urgência. Conclusões: A equipa de Psiquiatria da Brandoa segue o número esperado de utentes com patologias psicóticas crónicas afectivas e não afectivas, ainda que mais graves e disruptivas do que doentes com diagnósticos similares provenientes da restante população daquela consulta, mas desconhece-se quais as estraté- gias locais adoptadas para as restantes patologias (se institucionais, se informais). O tipo de tratamento oferecido e as vias de acesso, ainda que tradutoras de um investimento capital da equipa nestes utentes, podem estar relacionadas com a situação de fragilidade da comunidade em causa, a requerer melhor caracteriza- ção futura (com parceiros locais e cuidados de saúde primários).