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Authors
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Abstract(s)
A realidade no HFF relativamente a gravidezes na adolescência é, segundo dados fornecidos pela Assistente Social do Serviço de Obstetrícia, ainda um número considerável: 135 mães adolescentes em 2007, 72 em 2010, 109 em 2011 e 102 no ano de 2012.
O principal objectivo que temos com a apresentação deste trabalho é incutir nos profissionais de saúde que lidam com estas adolescentes diariamente no seu contexto de trabalho, seja ele a Consulta de Obstetrícia, o Bloco de Partos, o Serviço de Obstetrícia ou a Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais do HFF, uma reflexão sobre os cuidados de enfermagem a prestar a estas adolescentes, respectivos companheiros, famílias e/ou pessoas significativas.
A nível metodológico, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, através da base de dados EBSCO e através da consulta de livros e artigos sobre o tema, enriquecendo as informações daí retiradas com a experiência profissional das autoras.
A transição para a parentalidade é o período que decorre desde a decisão da concepção, até aos primeiros meses após o nascimento. Constitui um período de mudança e instabilidade e de incorporação e transição de papéis para a mulher e homem que decidem ter filhos. Na adolescência, caracterizada por múltiplas, rápidas e profundas mudanças a todos os níveis, este período pode tornar-se ainda mais instável, pois a nível do desenvolvimento físico e emocional o adolescente ainda não completou as “tarefas da adolescência” (adaptado de HANNA, B. 2001). Para além disso, a nível relacional as consequências destas gravidezes transcendem o rapaz e a rapariga considerados na sua individualidade e podem mesmo afectar de forma considerável a relação que mantém entre si (adaptado de CARPINTEIRO, E., APF, 2003). Assim, podemos dizer que a mãe adolescente não vai vivenciar o período da maternidade do mesmo modo que uma mulher adulta que já tenha vivenciado na íntegra as tarefas características da adolescência, o que leva à necessidade de aplicação de intervenções de enfermagem específicas.
As principais dificuldades que as adolescentes enfrentam nesta nova fase das suas vidas são a inexperiência, a aceitação da auto-imagem (o seu corpo já alterado com a entrada na adolescência, vai sofrer ainda mais mudanças), a adaptação às novas responsabilidades, os sentimentos de diferença em relação aos seus pares e possíveis alterações nos padrões de comunicação. Relativamente à escolaridade, esta fica grande parte das vezes incompleta, o que pode levar a futuras situações de desemprego, emprego mal-remunerado ou instabilidade laboral, ficando sem meios para se sustentarem, aumentando assim a sua dependência dos apoios atribuídos pelo governo.
O Enfermeiro que lida com estas mães deve assim, promover a interacção precoce entre mãe e o recém-nascido, sendo que “a existência de um vínculo de apego seguro com a mãe é considerada um requisito básico para o adequado desenvolvimento social e psicológico da criança (APF, 2003, p.17)”, promovendo a autonomia na prestação dos cuidados, envolvendo a família da puérpera e do pai do recém-nascido, se presente. O profissional de enfermagem deve ainda avaliar as competências da adolescente de uma forma contínua, articular com a equipa multidisciplinar (nomeadamente com a Assistente Social, no caso de a mãe ter idade inferior a 18 anos e/ou de os pais serem estudantes/desempregados) e informar sobre o direito ao ensino, previsto na legislação portuguesa, para os pais adolescentes.
Após o nascimento do recém-nascido, ainda no decorrer do internamento hospitalar (no sentido de promover a continuidade dos cuidados), deverá ser feita a preparação para a alta junto da puérpera e pessoas significativas dando destaque à consulta de revisão pós-parto, consulta de vigilância do recém-nascido, contracepção no pós-parto, recursos da comunidade e diagnóstico precoce. De forma a tornar estas intervenções mais apropriadas, o profissional de Enfermagem deverá adoptar uma série de estratégias para tornar as suas intervenções mais apelativas e adequadas para estas mães: promover o desenvolvimento de tarefas específicas da adolescência (tais como o sentimento de pertença, a aquisição de competências, auto-estima e o desenvolvimento de relações apropriadas), abordar a adolescente como se aborda uma mulher e não como uma criança (incentivando e promovendo um sentido de responsabilidade) e encorajar as mães adolescentes a sentirem-se valorizadas e respeitadas, nomeadamente através de sessões de grupo, o que vai encorajar estas mães a aprender mais sobre parentalidade, comportamento adequada a adoptar, rotinas e expectativas. “ (…) Provavelmente haverá sempre uma adolescente que deseja ser mãe; que isso aconteça por uma escolha consciente e não por um acaso traiçoeiro” (APF, 2003).
Description
Keywords
Gravidez Adolescência Cuidados de enfermagem
Citation
ENCONTRO DE ENFERMAGEM DE SAÚDE MATERNA, 1, Amadora, 20 de Março de 2013
Publisher
Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca, E.P.E.