Browsing by Author "Figueira, ML"
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- O papel do stress oxidativo no envelhecimento e na demênciaPublication . Teixeira, J; Feio, M; Figueira, MLIntrodução: O envelhecimento biológico é um processo fisiológico normal, não patológico, sendo a teoria do envelhecimento pelo stress oxidativo, uma das mais aceites para explicar o envelhecimento postulando que o stress oxidativo conduz a mutações no DNA mitocondrial responsáveis pelas alterações na senescência. As demências são doenças neu- rodegenerativas cujo principal factor de risco para o seu aparecimento é o envelhecimento. Apesar de ainda não se conhecerem os mecanismos exactos de lesão neuronal subjacentes às doenças neurodegenerativas em geral e às demências em particular, os dados mais recen-tes sugerem o envolvimento do stress oxidativo e da dinâmica mitocondrial no processo. Objectivos: Fazer uma revisão da literatura sobre o papel do stress oxidativo na patogénese do envelhecimento e da demência. Métodos: Revisão não sistemática da literatura através da pesquisa em referências bibliográficas consideradas relevantes pelos autores suplementada por artigos obtidos através de pesquisa na base de dados Medline/Pubmed utilizando combinações das seguintes palavras-chave “oxidative stress”, “dementia”, “aging” e “pathogenesis”, publicados entre 1950 e 2013. Foram também consultadas referências bibliográficas dos artigos obtidos e livros consultados. Resultados: Nos últimos 5 anos têm sido conduzidas novas investigações sobre a relação entre stress oxidativo e envelhecimento. Uma das hipóteses consideradas actualmente é que, durante o envelhecimento, a regulação homeostática da biogénese, dinâmica e turnover por autofagia deixa de conseguir manter eficazmente o funcionamento das mi-tocôndrias, resultando na senescência celular. Consequentemente, a lesão oxidativa pode ul- trapassar um limiar crucial acima do qual a apoptose é desencadeada, levando a alterações substanciais na morfologia mitocondrial e à morte celular irreversível. Relativamente às demências, os dados mais recentes têm vindo a demonstrar de forma consistente a presença de níveis aumentados de stress oxidativo nas regiões cerebrais afectadas pela doença bem como a existência de disfunção na dinâmica e na morfologia das mitocôndrias, tal como ocorre no envelhecimento. Conclusões: Os dados mais recentes sugerem o envolvimento do stress oxidativo e da dinâmica mitocondrial no processo do envelhecimento e na demência, de forma directa ou indirecta, o que poderá vir a influenciar o modelo actual da fisiopatologia das demências bem como alargar as possibilidades de intervenção terapêutica no futuro.
- Os Sistemas de Classificação em Psiquiatria em Fase de Crise? Foco no DSM-5a)Publication . Figueira, MLA história das classificações psiquiátricas norte-americanas ilustra o percurso classificatório que se iniciou nos anos 60 a partir do caos em que estava imersa a questão do diagnóstico. Os dois primeiros sistemas (DSM-I e DSM-II) estavam influenciados pela escola psicoanalítica. Após a introdução do DSM-III em 1980 emergiu o paradigma neo-Kraepeliniano e o modelo médico de doença. Apesar de ter introduzido um maior rigor na definição e descrição das entidades nosológicas, revelou as suas limitações em termos da validade. As criticas a este paradigma levaram à argumentação de que o sistema classificativo mostrava sintomas de crise num sentido Kuhniano e, por este motivo poderia ter chegado o momento de uma revolução paradigmática. A revisão do DSM-IV e a implementação do DSM-5 em 2013 mostraram que este objectivo é, por enquanto, inalcançável. O resultado final é um sistema “híbrido” que já demonstrou a sua vulnerabilidade tal o nível de crítica e refutação em curso
- O valor científico das observações clínicas de Kraepelin para a investigação das perturbações do pensamento e linguagem na esquizofreniaPublication . Figueira, MLNos finais do séc. XIX e início do séc. XX deram-se importantes modificações no paradigma moral que dominava a Psiquiatria. No movimento que se opõe a uma visão romântica e normativa dos comportamentos e intenções o primado da observação e descrição impõe-se como o método clínico por excelência, organizador do conhecimento e da investigação. Kraepelin é uma figura que emerge com uma obra monumental, o seu Tratado de Psiquiatria, com várias edições, com sucessivas reformulações à medida dos resultados que ia obtendo. Comparar a obra de Kraepelin – ou outro autor do mesmo período – com os trabalhos posteriores sobre o pensamento e a linguagem na esquizofrenia, seria um contrasenso se pretendêssemos reduzir um método que é essencialmente clínico a um paradigma experimental que passou a dominar as investigações nesta área. O objectivo desde artigo é tão somente ilustrar as relações entre descrições de índole clínica e hipóteses ou constructos que delas poderiam ter derivado. A descrição revela-se como uma exploração da realidade psicopatológica, neste caso sistemática, e é uma fonte importante de instituições científicas. Foi o que aconteceu com a obra de Kraepelin, Bleuber e muitos outros, de cuja leitura poderemos extrapolar as ideias para conhecimentos posteriormente produzidos em contexto laboratorial. Em particular iremos rever alguns dados de investigação sobre o pensamento e a linguagem na esquizofrenia feitos entre os anos 60 e 80, período extremamente infrutífero no plano científico desta área do conhecimento, actualmente quase ausente da literatura. De facto, a literatura actual das perturbações do pensamento na esquizofrenia utiliza, de forma predominante, o paradigma neuro-psicológico com a utilização de baterias de testes para avaliação de défices cognitivos. Esta perspectiva, tem tido importância para o desenvolvimento de indicadores de resposta com terapêuticas psicofarmacológicas, ou para o estabelecimento de programas de reabilitação, mas que não tem a riqueza de toda a produção científica feita no período mencionado. Escolhemos alguns aspectos parcelares do funcionamento cognitivo para ilustrar a influência de textos como o de Kraepelin em estudos subsequentes.