Browsing by Author "Amaral, N"
Now showing 1 - 7 of 7
Results Per Page
Sort Options
- Doença ocular como primeira manifestação de tuberculose: relato de 4 casos pediátricosPublication . Coutinho, I; Santos, C; Ramalho, M; Pedrosa, C; Pina, S; Amaral, N; Teixeira, S; Silva, F; Bernardo, MINTRODUÇÃO A tuberculose (TB) ocular pode ser a primeira ou única manifestação de uma infecção por Mycobacterium tuberculosis. Afecta o globo ocular, anexos e órbita, seja por infecção primária, disseminação linfo-hematogénica ou reacção imunológica de hipersensibilidade tipo IV e, embora tenha diversas formas de apresentação, a mais comum é a uveíte. O seu diagnóstico é um desafio, mas o tratamento precoce é essencial para evitar complicações. Pretende-se com este trabalho descrever algumas das manifestações de TB ocular, em doentes sem história prévia de infecção a Mycobacterium tuberculosis. MATERIAL E MÉTODOS Relatam-se quatro doentes de raça negra, entre os 4 e 15 anos de idade, dos quais 3 de sexo feminino. O doente 1 foi observado por hiperémia e dor ocular unilateral associado a lesão cutânea da perna, com 2 meses de evolução. À observação oftalmológica, apresentava esclerite nodular, que se veio a enquadrar como provável manifestação ocular de TB, face ao Mantoux e exame anatomo-patológico de biópsia cutânea compatível com TB. O doente 2 apresentava queixas de fotofobia, dor e hiperémia ocular bilateral. Fez-se o diagnóstico de uveíte anterior granulomatosa com pseudohipopion, em contexto de provável TB, face ao Mantoux e IGRA (Interferon Gamma Release Assay) positivos. No doente 3, durante exame de rotina, constatou-se lesão coroideia com vitrite. Após estudo, fez-se o diagnóstico presuntivo de tuberculoma coroideu, perante aos resultados positivos do Mantoux, Rx de tórax e lavado bronco-alveolar. O doente 4 foi observado por tumefação periorbitária após traumatismo, com aumento progressivo. A TC de órbitas descrevia colecção sero-hemática, tendo-se realizado drenagem cirúrgica do hematoma. O exame cultural e anatomo-patológico do conteúdo drenado foi positivo para TB e o restante estudo sistémico revelou TB óssea, ganglionar e esplénica. RESULTADOS Face os dados clínicos, laboratoriais e imagiológicos fez-se o diagnóstico de TB ocular, havendo, em todos os casos, uma boa evolução clinica, após instituição de terapêutica anti-bacilar. No doente 2 a TB ocular manifestou-se isoladamente mas nos restantes houve envolvimento de outros órgãos. O Mantoux variou entre 12 e 16 mm e em todos a serologia foi negativa para o vírus da imunodeficiência humana. DISCUSSÃO/ CONCLUSÃO Nos casos apresentados o diagnóstico foi presuntivo, baseado na clínica, exames complementares e resposta à terapêutica. As manifestações oculares foram de esclerite nodular, uveíte anterior com pseudohipopion, tuberculoma coroideu e tumefacção palpebral, que, não sendo as mais frequentes, ilustram o pleomorfismo da TB. Devido ao recrudescimento da TB, o papel do oftalmologista é essencial no despiste e diagnóstico desta doença. BIBLIOGRAFIA Gupta, V., Gupta, A., & Rao, N. A. (Nov-Dec de 2007). Intraocular Tuberculosis - An Uptdate. Survey of Ophthalmology, 52, pp. 561-587. Thompson, M. J., & Albert, D. M. (June de 2005). Ocular Tuberculosis. ARCH OPHTHALMOL, 123, pp. 844-848.
- Efeito da mitomicina c no endotélio corneano após cirurgia de pterígeoPublication . Coutinho, I; Santos, C; Ramalho, M; Mota, M; Amaral, N; Pêgo, PObjectivo: O uso de Mitomicina C, na cirurgia de pterígeo, tem como objectivo diminuir a taxa de recidiva, contudo a sua aplicação não é isenta de complicações. O presente estudo pretende avaliar o efeito, a curto prazo, da aplicação intraoperatória de mitomicina C sobre o endotélio corneano, em doentes submetidos a excisão de pterígeo. Material e Métodos: Estudo prospectivo que incluiu 30 doentes submetidos a excisão de pterígeo primário. Em 15 doentes aplicou-se intraoperatoriamente mitomicina C a 0,02% durante 2 minutos, sobre a esclerótica com colocação posterior de auto-enxerto de conjuntiva. Nos restantes 15 doentes (grupo controlo) procedeu-se a excisão de pterigeo com auto-enxerto de conjuntiva, sem aplicação de mitomicina C. Realizou-se microscopia especular no pré-operatório e aos 2 meses de followup, avaliando-se a densidade de células endoteliais, coeficiente de variação, percentagem de células hexagonais e espessura central da córnea. Utilizou-se o Teste Paired Samples t-test para determinar a existência de diferença estatisticamente significativa entre o pré e pós-operatório, entre os 2 grupos, em relação aos parâmetros em estudo, adoptando-se um nível de significância de 5%. Resultados: Para todos os parâmetros analisados não se observaram diferenças estatisticamente significativas. A densidade de células endoteliais no grupo em que foi aplicada mitomicina C e no grupo controlo foi respectivamente de 2652,67±136,30; 2588,56±352,04 células/mm2 pré-operatoriamente e de 2714,57±204,04 ; 2279,89±875,71 células/mm2 pós-operatoriamente (p=0,185 ; p=0,32). O coeficiente de variação do tamanho celular no grupo em que foi aplicada mitomicina C e no grupo controlo foi respectivamente de 30,44±2,74; 34,22±3,27 células/mm2 pré-operatoriamente e de 30,11±2,71; 32,00±2,69 células/mm2 pós-operatoriamente (p=0,751 ; p=0,053). A percentagem de células hexagonais no grupo em que foi aplicada mitomicina C e no grupo controlo foi respectivamente de 44,11±2,85 ; 43,11±5,33 células/mm2 pré-operatoriamente e de 44,44±4,45 ; 48,22±4,41 células/mm2 pós-operatoriamente (p=0,824 ; p=0,056). A espessura central da córnea no grupo em que foi aplicada mitomicina C e no grupo controlo foi respectivamente de 534,33±49,80 ; 542,56±47,21 células/mm2 pré-operatoriamente e de 518±33,47 ; 536,11±43,24 células/mm2 pós-operatoriamente (p=0,072 ; p=0,183). Conclusão: O uso de mitomicina tópica a 0.02% não afectou de forma estatisticamente significativa o endótelio corneano.
- Escleromalácia perforans: manifestação extra-articular rara da artrite reumatóide :Publication . Coutinho, I; Santos, C; Ramalho, M; Pedrosa, C; Mota, M; Pina, S; Amaral, N; Bernardo, MObjectivos: Relato de um caso clínico de escleromalácia perforans associada à artrite reumatóide. Caso Clínico: Doente do sexo feminino, 67 anos, com o diagnóstico de artrite reumatóide há 15 anos. Durante o exame oftalmológico, observou-se nos quadrantes temporal e nasal superiores do olho direito uma área de adelgaçamento da esclerótica com visualização do tecido uveal e sem sinais inflamatórios associados, compatível com escleromalácia perforans. Optimizou-se a terapêutica imunossupressora sistémica e após um ano de seguimento, a lesão mantem-se estável. Discussão: A escleromalácia perforans é geralmente assintomática e um diagnóstico precoce pode prevenir complicações oftalmológicas severas. Por ser um sinal de vasculite sistémica e portanto reflexo da actividade inflamatória da artrite reumatóide, pode ter importância prognóstica para o reumatologista. Assim, enfatiza-se a associação entre doenças reumatológicas e manifestações oculares.
- Manifestações oftalmológicas de doenças sistémicasPublication . Pina, S; Coutinho, I; Amaral, N; Bernardo, M; Melo, A; Paula, F; Batista, F; Amaral, M; Alves, JD
- Sarcoidose multissistémica: quando somos nós os primeiros a suspeitar!Publication . Pina, S; Santos, C; Alves, S; Amaral, N; Pires, G; Santos, MJ; Bernardo, MA Sarcoidose é uma doença inflamatória crónica, granulomatosa, de envolvimento multissistémico e de etiologia desconhecida, que apresenta um espectro alargado de manifestações clínicas. Entre as mais frequentes, destaca-se o envolvimento pulmonar, cutâneo e oftalmológico. Através de um relato de um caso clínico pretende-se discutir as principais manifestações oftalmológicas, o pleomorfismo desta doença e a importância de um diagnóstico precoce. MATERIAL E MÉTODOS: Descrição e discussão de um caso clínico. Doente do sexo feminino, 58 anos, observada no S.U. de Oftalmologia por diminuição de acuidade visual (AV) no olho direito (OD) com cerca de uma semana de evolução. A AV era de 5/10 no OD e de 6/10 no olho esquerdo, apresentando bilateralmente reacção de câmara anterior com precipitados queráticos endoteliais, vitrite e, na fundoscopia, tortuosidade e engurgitamento venosos com periflebite e lesões em “pingos de cera”. Apresentava ainda edema da papila no OD. Concomitantemente referia no último mês aparecimento de nódulos cutâneos nos membros inferiores (MI), queixas álgicas articulares, tosse seca e episódios de febre intermitente acompanhados por suores nocturnos. Encaminhou-se a doente para observação pela Medicina Interna. Foi pedida avaliação laboratorial e imagiológica, bem como biopsia de lesão nodular dos MI. Foram ainda realizados Retinografia, Angiografia Fluouresceínica e Tomografia de Coerência Óptica. RESULTADOS: A avaliação clínica, laboratorial e imagiológica desta doente revelou aspectos sugestivos de Sarcoidose com afecção multissistémica, incluíndo uma panuveíte bilateral com compromisso visual. CONCLUSÃO: A Sarcoidose é uma patologia multiorgânica com frequente envolvimento ocular, sendo que as manifestações oftalmológicas podem constituir a forma de apresentação da doença ou fornecer pistas úteis para o diagnóstico. O diagnóstico precoce é essencial para a correcta orientação do doente e para um tratamento adequado e atempado, minimizando potenciais complicações graves, oculares e sistémicas, que podem advir desta patologia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Carl P. Herbort et al, “International Criteria for the Diagnosis of Ocular Sarcoidosis: Results of the First International Workshop on Ocular sarcoidosis”, Ocular Immunology and Inflammation, 17, 160-169, 2009 Hilario Nunes et al, Sarcoidosis- Review , Orphanet Journal of Rare diseases 2007, 2:46 Costa F., Arrobas A., Sarcoidose Extratorácica, Artigo de Revisão, Revista Portuguesa de Pneumologia, Vol XIV nº1, Jan/Fev 2008
- Sindroma Vogt-Koyanagi-Harada: apresentação clinica atipica?Publication . Coutinho, I; Santos, C; Ramalho, M; Pedrosa, C; Amaral, N; Teixeira, S; Bernardo, MINTRODUÇÃO Síndroma de Vogt-Koyanagi-Harada (SVKH) é uma doença inflamatória rara, de etiologia desconhecida e multissistémica, caracterizada por uma panuveite bilateral associada a manifestações dermatológicas, auditivas e meníngeas. Afecta preferencialmente indivíduos do sexo feminino, raça negra, entre a 2ª e 4ª década de vida, embora existam casos descritos na infância. O curso da doença divide-se em 4 fases: prodrómica, ocular, crónica e recorrente. Apresenta-se um caso de provável SVKH em que o curso da doença não ocorreu na ordem temporal expectável. MATERIAL E MÉTODOS Descrição e discussão de caso clínico. RESULTADOS Rapaz, 8 anos, caucasiano, saudável, observado por diminuição da acuidade visual (AV) bilateral, com 15 dias de evolução e agravamento progressivo. Refere cefaleia acompanhada de mal-estar há 1 mês. Nega outras queixas ou trauma. Ao exame oftalmológico, observa-se AV <1/10 bilateralmente, discos ópticos hiperemiados com contornos mal definidos e descolamento exsudativo bilateral da retina. No restante exame, vitíligo na pálpebra superior e membros, com 2 anos de evolução e exame neurológico sem alterações. Posteriormente desenvolve uveíte anterior bilateral, não granulomatosa, com pressão intraocular normal. Salienta-se punção lombar, TC e RM crânio, audiograma, hemograma e marcadores de auto-imunidade sem alterações. O rastreio de etiologia infecciosa foi negativo para tuberculose, sífilis, doença de Lyme, herpes, hepatite, VIH (Vírus Imunodeficiência Humana), borrelia e toxoplasmose. Perante este quadro foi colocado o diagnóstico provável de SVKH, iniciando-se corticoterapia sistémica com melhoria do quadro clinico. Ao fim de 7 dias de tratamento AV de 5/10 e após 1 mês 8/10. CONCLUSÃO Perante este quadro de panuveite bilateral com descolamento exsudativo da retina, associado a manifestações dermatológicas e neurológicas, a SVKH foi considerada, face aos dados clínicos, laboratoriais e imagiológicos negativos para causas neurológicas, neoplásicas, infecciosas e reumatológicas. Apesar das manifestações dermatológicas antecederem as neurológicas e oculares, o que não está previsto nos critérios de diagnóstico, a SVKH não deve ser excluída até novos dados. Este caso parece-nos interessante e, talvez, com a divulgação de casos idênticos, possa haver uma reflexão dos critérios de diagnóstico. Salienta-se que o diagnóstico e tratamento precoce são essenciais para assegurar um bom prognóstico visual. BIBLIOGRAFIA Almeida, M., Baptista, N., Veríssimo, J., Proença, R. (Janeiro-Março de 2011). Doença de Vogt-Koyanagi-Harada: a propósito de 30 Casos Clínicos. Oftalmologia, 35, pp. 33-41 Matiello, M., Carvalho, H. C., Alvarenga, H., Alvarenga, R. M. (2004, dezembro). Síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada. Cadernos brasileiros de medicina , XVII Rao, N. A., Gupta, A., Dustin, L., Chee, S. P., Okada, A. A., Khairallah, M., et al. (2010). Frequency of Distinguishing Clinical Features in Vogt-Koyanagi-Harada Disease. Ophthalmology, 117, pp. 591-599
- Várias máscaras, a mesma doençaPublication . Santos, C; Ramalho, M; Pedrosa, C; Coutinho, I; Mota, M; Amaral, N; Bernardo, MIntrodução: a sífilis é uma doença sistémica sexualmente transmissível, causada pela bactéria Treponema pallidum. Conhecida como a grande imitadora, pode afectar qualquer estrutura ocular, sendo que muitas vezes as manifestações oftalmológicas apontam no sentido do diagnóstico. Materiais e Métodos: Análise retrospectiva dos processos clínicos de casos confirmados e presuntivos de sifilis ocular observados na Consulta de Inflamação Ocular do Hospital Prof. Doutor Fernando da Fonseca, EPE entre Novembro 2010 e Junho 2014. Resultados: identificaram-se 6 casos de sifilis ocular no período em estudo. A idade dos doentes variou entre os 24 e 71 anos de idade com média de 44 +-18 anos. Cinco doentes eram do sexo masculino e dois seropositivos para o VIH. Os sintomas mais frequentes foram a diminuição da acuidade visual e cefaleias. Os achados oftalmológicos mais comuns foram uveite anterior, vitrite e edema do disco óptico. Em dois casos não foi colocada como hipótese de diagnóstico inicial a sífilis. Num destes doentes os achados clínicos foram interpretados como crises hipertensivas e no outro como artrite temporal das células gigantes. Todos os doentes foram tratados com penicilina benzatínica endovenosa e corticoterapia tópica. Outras terapêuticas utilizadas foram a corticoterapia intravítrea e sistémica, cirurgia de catarata e vitrectomia via pars plana. Observou-se uma melhoria clínica em todos os doentes com a terapêutica. Conclusões: a sífilis pode ser uma doença grave e difícil de diagnosticar mas apresenta geralmente boa resposta terapêutica. O exame oftalmológico coloca o oftalmologista numa posição priveligiada para diagnosticar esta doença potencialmente fatal.